Vou deixar bem claro aqui que estou numa fase bastante experimental relacionada a investimentos. Muito se deve a minha sensação de insegurança quanto aos rumos da economia e da política do país, já evidenciado nos últimos posts.
No final de julho, quando a bolsa começou a sua retomada após o desastre de desempenho que foi o primeiro semestre, tomei a decisão de operar com trades curtos. All-in (não com todo meu dinheiro obviamente, mas com o dinheiro destinado a renda variável). Meu capital para isso é mediano então o foco é sempre em ações com alta liquidez. Vendi as posições nas ações e parti para os experimentos nessa nova abordagem.
Em agosto comecei brincando com alguns trades já descritos aqui no blog. Consegui uma rentabilidade fraca, mas razoável. Ainda não tinha traçado uma estratégia clara de como operar com trades curtos.
Os resultados estão vindo em um ritmo interessante. Esse mês estou próximo de 5,5% de rentabilidade sobre o capital investido em ações esse mês seguindo essa estratégia. Basicamente tenho minha lista de papéis que eu acompanho constantemente, e então monitoro o humor do mercado, notícias positivas/negativas, tendências (sem me aprofundar muito em análise técnica e gráfica pois esse não é o objetivo principal) e vou traçando minhas decisões. Tenho minha lista de papéis favoritos, filtrados a dedo, sempre bons papéis em termos de dividendos ou potencial de crescimento, e somente opero papéis que eu já estou familiarizado.
Claro, esse mês foi um mês extraordinário para a bolsa, o desempenho de várias ações foi excelente, principalmente as queridas da blogosfera (e minhas queridas também) BBAS, EZTC, ETER se recuperando, até BICB, TIMP e outras surpreenderam. Mas eu diria que a estratégia não está relacionada ao bom desempenho da bolsa até o momento, ou seja, não importa se o Bovespa está subindo ou caindo, pois aqui contemplo até venda de ações a descoberto. Tudo depende do timing. Timing é a palavra-chave.
Não estou querendo ser arrogante de dizer que é possível prever movimentos, mas podemos aproveitar oscilações fortes momentâneas a nosso favor, e uma coisa que é fácil perceber depois de anos investindo é que essas oscilações ocorrem com muita frequência, basta você ter tempo para ficar de olho e aproveitar essas oportunidades. Um exemplo desse mês: saiu uma notícia negativa sobre as elétricas, que afetou principalmente Cemig. Cemig já estava sendo negociada a um valor bem próximo ao fundo dos últimos anos, e no dia que a notícia saiu, ela já abriu o pregão caindo mais de 3%. A notícia era bem superficial, não era garantia de impacto no papel e pra mim era claramente um caso óbvio de compra. Entrei com tudo logo depois da abertura dos negócios, sendo que o papel abriu caindo mais e logo depois começou a sinalizar uma reversão. No mesmo dia vendi com 2% de lucro líquido. Foi um caso até onde eu me arrependi de ter vendido pois o papel continuou se recuperando desde então e eu poderia ter saído da operação com um lucro bem maior. Mas lucro bom é lucro no bolso.
Outra oportunidade óbvia foi a queda das ações da Tim durante essa semana após a euforia que ocorreu depois do anúncio de compra da controladora da Tim pela Telefonica. O papel decolou no dia anterior de forma bastante exagerada, naquela noite após o fechamento do pregão começaram a pipocar notícias alegando que a compra pela Telefonica não seria tão benéfica para o papel e lá estava ele desabando no dia seguinte com a realização de lucros, dando oportunidade para uma venda a descoberto.
O principal ponto negativo dessa abordagem: exige maior dedicação ao home broker do que o normal. Não é todo dia que eu consigo algumas horas pra isso, e muitas pessoas quase nunca conseguem. Estou mudando alguns hábitos no trabalho para aumentar minha produtividade de forma a sobrar mais horas do dia para ficar de olho no mercado, e nos dias que o mercado está morno eu fico só acompanhando algumas notícias em paralelo. O lado positivo: controle maior do risco, foco em uma única operação, menos sujeito a efeitos externos e ao mau humor do senhor mercado.
Vou continuar seguindo com essa abordagem por mais um tempo. Se eu passar por alguma mudança de emprego ou aparecer um projeto mais apertado, volto a me posicionar em algumas ações e deixar a carteira no piloto automático. Mas o aprendizado até o momento está sendo muito interessante, estou gostando do resultado. O mais importante é que é uma abordagem que está me deixando mais tranquilo, sem tanta preocupação com as cagadas do governo e as perspectivas ruins pra economia brasileira nos próximos meses.
Essa mudança de postura veio principalmente depois de ler A Lógica do Cisne Negro. Percebi que é mais interessante diversificar na renda fixa, já que o rendimento médio acaba sendo parecido e o risco de concentrar tudo em um único investimento é muito maior (imagine colocar grande parte do seu capital em um CDB de banco pequeno e ele quebrar, ou focar somente em títulos pré-fixados e a taxa de juros decolar), e diversificar pouco em renda variável. Pela lógica do autor do livro é mais interessante se expor a operações assimétricas onde a perda é limitada e o ganho ilimitado, como operações avançadas com opções. Mas ainda preciso estudar melhor sobre opções para entender bem esse tipo de operação, sou muito leigo no assunto.
Abraços e um excelente final de semana a todos!
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