terça-feira, 20 de outubro de 2015

[Bitcoins] Parte 1: Um novo modelo de moeda

Olá aportadores,


Com esse post dou início a uma série de posts sobre Bitcoins. O objetivo é inicialmente explicar o conceito da criptomoeda, depois mostrar formas de adquirí-las, usá-las e debater idéias de como aproveitar o potencial delas para formação de patrimônio.

Meu último post sobre sonegação e o peso do Estado me deram vontade de compartilhar ainda mais o que eu venho lido nos últimos anos sobre a moeda e minhas experiências pessoais.


O que é Bitcoin?


O Bitcoin é uma moeda descentralizada totalmente virtual e globalizada. A plataforma Bitcoin, além de armazenar as carteiras e o dinheiro, também funciona como uma rede de pagamentos sem a necessidade de intermediários.

O grande "lance" do Bitcoin é a tecnologia por trás que cria uma rede mundial onde todas as transações são registradas em diferentes pontos da rede em uma espécie de livro-razão (blockchain) compartilhado. Se eu mando dinheiro de A para B, isso não fica registrado somente em um único lugar e sim na rede inteira, garantindo a integridade da transação sem a necessidade de um banco central que tenha o controle completo sobre o sistema financeiro.
As carteiras virtuais são 100% anônimas e um único usuário pode ter quantas carteiras desejar. Você inclusive pode fazer parte da rede se tiver um bom PC em casa, para minerar novos bitcoins e também validar novas transações (e receber uma pequena comissão por isso).

A moeda foi criada no intuito de simular um recurso escasso real e finito, como o ouro. Para isso, existe um limite máximo de 21 milhões de moedas digitais que poderão ser mineradas. A dificuldade de mineração é exponencialmente mais complexa e estima-se que a última moeda será minerada somente em 2140 (e hoje existem cerca de 13 milhões de moedas mineradas). Pense nos números primos. Se torna cada vez mais difícil de achá-los quanto maior for o número. 

Toda a plataforma é open-source e não existe uma entidade central no controle. A mineração hoje exige máquinas robustas que ficam o tempo todo processando o algoritmo central do Bitcoin que gera novas moedas. O custo doméstico de deixar uma máquina comum ligada fazendo isso já não compensa o custo da energia elétrica necessária para a operação, sendo mais fácil participar de redes maiores emprestando poder de processamento do seu computador (e recebendo menos também).

Mas você não precisa participar da rede como minerador para usar Bitcoins. Na verdade você não precisa de muita coisa além de criar uma carteira virtual e utilizá-la através de algum site ou app específico.

Quanto vale um Bitcoin?

O valor da moeda é totalmente baseado nas leis de livre-mercado, ou seja, o Bitcoin hoje vale aquilo que os seus usuários estão dispostos a pagar na compra e receber na venda.

Eis um gráfico mostrando a evolução da cotação, em dólares:


Pelo gráfico percebemos um grande boom em 2013-2014 (época que o assunto bombou) e depois um declínio progressivo até chegar em uma fase de estabilização em 2015.

O que significa o Bitcoin nos dias de hoje?

O Bitcoin é a moeda dos sonhos de qualquer um cansado da interferência governamental na economia e da moeda sem lastro baseada em divida que existe hoje no mundo todo. O Bitcoin emula uma moeda deflacionária e finita, porém infinitamente divisível (hoje o máximo de decimais é 8 mas pode ser alterado). Em outras palavras: o Bitcoin foi criado para não existir nova emissão de moeda além do limite, apenas a valorização da moeda atual, o que permite o acúmulo de patrimônio e sua valorização sem a necessidade de investimentos e juros. Claro que a valorização só virá com a massificação do uso de Bitcoins pelos agentes do mercado, coisa que ainda caminha em passos lentos, mas progressivamente está se disseminando na economia.

Em países de moedas fracas como Venezuela e Argentina (e também na Grécia em épocas de fechamento de bancos), o Bitcoin serve como alternativa de proteção de patrimônio completamente livre das garras do Estado e acessível de qualquer lugar do mundo. O governo não tem como saber seu patrimônio em Bitcoins, não tem como saber o que você está fazendo com o dinheiro e em que lugar do mundo esse dinheiro está sendo usado, pois tecnicamente ele não existe, são apenas bytes se realocando de endereços também virtuais. Bytes que valem como moeda de troca por produtos e serviços.

Riscos do Bitcoin

Bitcoin está sujeito a fraudes e vulnerabilidades de segurança de seu protocolo assim como o Internet Banking do seu banco normal. Houve um problema grave em um dos sites mais famosos de negociação de Bitcoins, que armazenava as chaves de seus usuários internamente em seus servidores que foram hackeados. O ideal é usar uma plataforma que permita você fazer o backup de sua carteira e que não armazene sua chave privada em seus servidores, minimizando os riscos. O foco desse texto não é entrar na parte técnica, mas é bem fácil achar material na internet explicando o conceito técnico da criptografia envolvida nos Bitcoins.

Problemas atuais

O Bitcoin precisa ainda superar as barreiras de entrada para pessoas leigas entenderem como funciona a moeda e quais são suas vantagens. Se para nós aportadores não é tão simples imagina explicar para o seu Zé da padaria que ele pode começar a aceitar como forma de pagamento uma moeda digital que aparece ali na tela do celular dele. É complicado mas assim como o e-mail, é questão de melhorar a interface com o usuário final e criar um efeito de rede para popularizar a moeda.

A cotação oscilante também é um problema para quem quer receber em bitcoins mas não quer sofrer com a instabilidade da moeda, afinal ainda é muito difícil receber bitcoins e comprar coisas também com bitcoin sem antes convertê-los para a moeda local. Felizmente já existem corretoras de bitcoin que, quando uma nova quantia Bitcoin cai na sua carteira, ela automaticamente já vende e deixa o saldo na sua carteira em uma outra moeda como dólar ou euro.

Existe também o problema de falta de segurança jurídica (segurança x liberdade). Isso é bem complicado pois mais segurança jurídica provavelmente irá exigir no mínimo uma identificação nominal de quem é o detentor da carteira X, abrindo espaço para a famigerada receita federal.

Soluções atuais

Trabalha com TI e deseja fazer uns freelas para aumentar sua renda? Vende produtos virtuais como e-books, relatórios? Recebe doações para manter algum site/projeto? Com Bitcoin você pode fazer serviços para qualquer lugar do mundo e receber em Bitcoin sem a necessidade de pagar taxas bancárias, converter moedas, IOF, declarar imposto, emitir nota e etc.
Quer contratar pessoas de qualquer lugar do mundo para fazer serviços? Bitcoin. Inclusive dependendo do tipo de serviço prestado você pode criar uma empresa completamente virtual, que recebe em Bitcoin e paga funcionários em Bitcoin.

Quer ver ficar mais interessante? Quer viajar pros EUA, Canadá, Europa, sem precisar converter sua moeda em casa de câmbio ou pagar IOF no cartão de crédito? É possível ter cartões de crédito pré-pagos com Bitcoin! Você compra Bitcoin em reais e usa a moeda digital para carregar um cartão em dólar por exemplo, pagando a cotação do dólar comercial e evitando taxas bancárias e impostos. Mais seguro do que levar dinheiro em espécie e permite que você faça cargas fracionadas aproveitando as quedas do dólar ao invés de arriscar fazer compras e aguardar a cotação no fechamento do cartão.

Você também pode ocultar seu dinheiro fora do radar bancário. É um dinheiro que ninguém nunca vai acessar sem a sua chave privada e senhas. Pense nas possibilidades para impostos, heranças, divisão de bens em divórcios... um dinheiro que ninguém tem como saber que você tem. Claro que essa liberdade também permite vários tipos de crimes, e aí vai da moralidade de cada um.



Bom, esse foi o post introdutório. Os próximos serão direcionados a como abrir sua carteira, comprar moedas em corretoras/sites de venda direta e aproveitar os recursos que eu mencionei aqui. Mandem dúvidas e sugestões nos comentários.


Abraços!



6 comentários:

  1. Nerd, no caso de viagem, levando BTCs num pen-drive ou cold wallet, como trocar esses BTCs pela moeda local? As corretoras dos países pedem muita documentação para operar? Você já usou o localbitcoins pra vender por cash?(no caso, a moeda local do país de destino)

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    1. Unknown, não tenho muito conhecimento para te responder isso com precisão. Sei de algumas corretoras canadenses e européias que não exigem muita burocracia. Mas acho mais fácil procurar um cartão de crédito pré-pago que converta o saldo bitcoin na moeda de destino.
      Quanto ao localbitcoins eu não usei, por enquanto operei direto por corretoras. Se for usar em outro lugar acredito que só tendo conta num banco local ou pedindo para alguém receber o dinheiro, então acho que ainda fica mais fácil ter o cartão pré-pago.

      Abraço!

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  2. Muito bom como sempre. Fale nos sobre as moedas digitais e pq adotar bitcoin é não outras. Difícil prever q bitcoin vá ser duradoura não é?

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    1. É difícil prever mesmo. Hoje é a pioneira e mais popular. Existe uma facilidade enorme em criar novas moedas digitais a partir do código-fonte do Bitcoin, mas com os centros de mineração de Bitcoins já consolidados é bobagem apostar em outra alternativa.
      Penso que uma nova moeda digital teria que causar uma ruptura no modelo atual de forma a torná-la mais acessível ao usuário leigo. Se eu que trabalho com TI e estudo sobre economia demorei pra entender o conceito da moeda, imagina explicar pro Zé da padaria que existe um novo formato de moeda criptográfica que ele poderia usar. É complicado. O Bitcoin não é user-friendly e isso restringe muito seu uso hoje.

      Abraços!

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  3. Eu levei "azar" de apostar em Litecoins, bem no começo de 2014.
    De lá pra cá, é esse grafico ai... não vendi as que comprei, mas acho dificil recuperar o que investi.

    Não da pra saber se essas moedas vão vingar, mas com certeza muita gente já ficou rica com o "boom" delas.

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    1. Eu prefiro usar as moedas digitais por enquanto mais como uma ferramenta de conversão de moedas do que como uma moeda mesmo, esperando a valorização. O mais legal é poder converter pra dólar e usar com um cartão de crédito pré-pago, fugindo de casa de câmbio e do maldito IOF.

      Abraço!

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