terça-feira, 22 de outubro de 2013

Playstation 4

Não podia deixar de comentar sobre isso aqui no blog, afinal, é um blog NERD sobre finanças, certo?

Os gamers brasileiros comemoraram durante a E3 desse ano quando a Sony anunciou que o Playstation 4 chegaria no final do ano nos EUA por US$ 400, 100 dólares mais barato que seu principal concorrente da Microsoft, o Xbox One.
Grande parte dos brasileiros ficou maravilhado pois a Microsoft já havia anunciado o preço de lançamento do Xbox One por aqui a R$ 2199. Fazendo uma conta básica numa regra de três, dava pra deduzir que o preço do PS4 ficaria um pouco abaixo desse valor ou pelo menos em um valor bem aproximado. Esse pensamento foi encorajado quando representantes da Sony disseram em entrevistas que querem vender o PS4 com o melhor preço possível por aqui.
O mercado inteiro estava favorável ao novo videogame da Sony. Como a Microsoft deu várias pisadas de bola com o Xbox One (e acabou voltando atrás em basicamente todas elas), era um caso simples da Sony chutar pro gol e abocanhar o mercado nessa nova geração.

MASSSSSS...

A realidade é triste e cruel para esse povão, não é? O preço oficial divulgado pela Sony foi a bagatela de R$ 3999,00. Quatro mil reais por um aparelho de $400. Considerando o dólar a um patamar de R$ 2,20, seria um aumento de 4,5x o valor inicial. Mas que coisa, não? A coisa ficou feia para a Sony, que tentou jogar panos quentes na situação com a explicação abaixo:


Analisando por cima dá pra ver que você está comprando um impostão, que vem de brinde com um lucro gigantesco por unidade para o distribuidor e varejista, e lá no final um videogame de última geração, que de acordo com a tabela, ainda está recebendo um descontinho da Sony internacional senão seria um pouco mais caro.

Tirando alguns detalhes duvidosos, como muitos arrendondamentos para cima e alíquotas de ICMS sendo consideradas sempre no máximo possível, a realidade é que isso mostra claramente que "o gigante" ainda não acordou para o mundo.

O Brasil vive em uma realidade paralela, com um povo massacrado por impostos e regrado a políticas de pão e circo. O protecionismo sem planejamento cria alíquotas estratosféricas para importação de produtos que jamais serão desenvolvidos nacionalmente por falta de capacidade de pesquisa, mão-de-obra, tecnologia e infraestrutura. O consumidor final paga o pato tendo que fazer esquemas com os primos que vão pra Miami e ficando com produtos sem garantia. Um setor potencialmente bilionário é jogado para a informalidade, desperdiçando talentos nacionais e todo um mercado que poderia trazer muito mais benefícios para o próprio governo.

Claro, ninguém vai morrer se ficar sem comprar seu Playstation 4 no lançamento. E sim, os preços provavelmente cairão após alguns meses. Mas ainda sim, será o Playstation 4 mais caro do planeta, e com uma boa margem de diferença do segundo colocado.

Concluo o post com o ótimo texto do blog do Marcelo Tas:

Conclusão: é mais barato comprar um pacote Disney (numa busca rápida, encontrei um de três dias por R$ 1399, hotel e passagens, fora tickets), deixar de ver o Mickey, comprar o PS 4 (R$ 878) e voltar ao Brasil. Total: R$ 2277, quase a metade do que voce vai pagar pelo PS 4 no Brasil!
O preço absurdo, para consumidor otário, do novo PlayStation no Brasil é uma oportunidade para entendermos porque o nosso país vive perdendo o trem da  história. O jeito com que as coisas acontecem não diferem muito de quando eu era jovem e os primeiros computadores Apple surgiram aqui taxados a preços exorbitantes. O fato fez surgir duas indústrias paralelas tão inúteis quanto improdutivas: o contrabando e as empresas “nacionais” cuja arte se resumia a encaixotar produtos gringos nacionalizados na marra em troca de alguns favorezinhos. Recentemente, uma delas, a Gradiente, tentou deter na marra o direito exclusivo da marca “iPhone” no Brasil. Precisa dizer mais alguma coisa?
[...]
Os tempos são velozes demais para brincadeira boba de adulto. Ou o Brasil se liberta dessa herança maldita – taxação e espertezas astronômicas – ou a herança maldita acaba de vez com o Brasil.
Até o BBAS3 entrou na zuera

9 comentários:

  1. Entendo a sua revolta, mas a Sony viajou com esse preço. Nem todos os impostos nas máximas alíquotas e com multas deixam o PS4k com esse preço. Isso é jogada de marketing e das ruins. Querem usar a força da marca para incitar um debate e pressionar o governo. Não dou 3 meses para o preço cair pela metade

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    1. Acho difícil isso incitar algum debate com o governo atual. Já houveram outras iniciativas e nenhum representante do governo demonstrou algum interesse nessa área. A nossa legislação tributária ainda classifica os videogames como jogos de azar. Acho que eles seguiram a cartilha de que brasileiro é otário e paga tudo parcelado em 12x mesmo, elevando o produto para um item de ostentação, bem como os iPhones, iPads, carros e etc.

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    2. É bem recente, deve ter uns 2 anos, mas os videogames não são mais classificados como jogos de azar e, sim, como produto cultural. Inclusive aquele IPI da figura deve cair. A mudança é lenta, mas houve um avanço: o PS3 chegou a custar 8 mil reais em 2006 em revendas não oficiais e só foi lançado oficialmente pela Sony em 2010, quatro anos depois do lançamento oficial nos EUA.

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  2. grande piada... cause I don't give a fuck... LOL

    consigo ver a vergonha dos preços do brasil quando veja preço de armas. o mesmo rifle .22 produzido aqui pela CBC chega nos EUA (ou seja: depois de sair daqui e ir pro varejo la etc) para ser vendido a US$ 99,00 (220 reais +-). Aqui no Brasil ele não sai por menos de R$ 1.200,00 e isso porque é FEITO AQUI!!! Isso sem a papelada obrigatória...

    País de merda... acho que o Paraguai é muito mais sério, vou pesquisar a possibilidade de me mudar pra la... LOL

    abraço

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    1. Armas, instrumentos musicais, carros... temos o "imposto Brasil" embutido na nossa cultura do parcelamento infinito...

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  3. Podemos resumir essa post numa simples afirmação: a indústria brasileira, exceto em algumas poucas áreas, é apática e pouco competitiva. Aqui não se produz nada. Até simples carregadores de pilhas são "made in China". Esses impostos de importação são uma medida para tentar conter a enxurrada de produtos estrangeiros, o que aniquilaria de vez nossa parca produção nacional.

    Enquanto a nossa indústria não se desenvolver, o quadro será esse: consumir produtos importados a preços absurdos.

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    1. como a industria pode se desenvolver?

      carga tributária absurda, garantias trabalhistas absurdas e tudo o mais.

      na china, o chines trabalha por migalhas ou morre de fome. é injusto com eles e conosco.

      não há interesse em fazer nada aqui nem se instalarem as industrias estrangeiras.

      de outro lado, sua afirmação não está 100% correta. muitos dos produtos que são feitos aqui são exportados (uso sempre o exemplo da arma, pois é um assunto que me interessa).

      A Boito (RS), CBC (SP) e Taurus (RS) fabricam armas que são muito vendidas la fora e a preços competitivos.

      Acredito que os carros nacionais também são exportados em alguns casos (não pesquisei).

      Não se trata exatamente de uma reserva de mercado, como você apresentou, mas realmente da falta de condições de se instalarem novas indústrias capazes e competitivas.

      para isso, menos impostos e menos sindicato... para começo...

      abraço!

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    2. Mas para isso ainda falta a infraestrutura adequada, educação de qualidade para formar os funcionários capacitados, enxugamento de despesas públicas, investimento, investimento, investimento, e o governo atual não faz nada disso.

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    3. Bom, o post ficou pra trás, mas esse lance de carga tributária alta é uma grande falácia na maioria dos casos. O maior problema da legislação é que ela é complicadíssima, Estados e Municípios fazem o que querem e as empresas perdem muito tempo com a contabilidade tributária. Ainda vou escrever sobre isso.

      E pra finalizar, esse preço do PS4 importado não chega a 4k. Isso é sacanagem da Sony. Basta ver o Xbox One.

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