sábado, 29 de junho de 2013

Fechamento do mês jun/2013

Chega ao fim um dos piores meses de todos os tempos para a bolsa brasileira! Aquele mês que causa uma gastrite nervosa cada vez que você abre o home broker. Aquele princípio de infarto quando sua carteira desaba. Mas faz parte da renda variável.




E no final eu tive uma surpresa: o prejuízo não foi tão grande. Na verdade, graças ao aporte eu tive um pequeno lucro de 0,34%. Sem contar o aporte a queda no patrimônio foi de -3,96%, a maior do ano. Isso porque ela foi bastante amenizada pela alta dos últimos dias e pelas várias ordens que eu dei em alguns pregões pra tentar puxar o freio de mão na ladeira.

E a estratégia caótica de realocações acabou dando certo. Em um dos dias que os índices futuros indicavam mais de 2% de queda logo na abertura eu tratei de botar ordem de venda nas ações mais voláteis e acabei recomprando depois, mais baratas. Suspeitei que VALE5 ainda tinha margem pra cair mais visto que é uma das queridinhas da bolsa e o capital estrangeiro está jorrando pra fora, e troquei ela por EZTC3, que eu dei muita sorte de comprar abaixo dos 26 reais. Liquidei o Tesouro Direto que não parava de cair pra voltar depois e troquei por ALLL3 que comprei também com um bom desconto. A zica da carteira foi CMIG4, me senti comprado em OGX, todo dia desabava mais. ETER3 e VIVT3 seguraram as pontas e tiveram quedas menores. Os dividendos da CMIG e BBAS vieram pra ajudar um pouquinho. Calculando por cima se eu não tivesse me mexido a queda teria sido de pelo menos 3%. Poderia ter dado cagada na minha estratégia e eu acabar vendendo alguma coisa na hora errada, mas o timing deu certo e é isso aí.

Os dois FIIs estão quietinhos lá no canto deles e assim vão ficar por mais um tempo. Penso que enquanto a incerteza quanto a política econômica continuar, os FIIs vão perder para os títulos pré-fixados do Tesouro que quase chegaram aos 12% a. a. esse mês. Vou alocar mais recursos nesse tipo de investimento quando o BC estiver próximo de interromper a alta do juros (sabe-se lá quando).

No geral estou mais tranquilo com esse cenário de baixa. Enquanto for possível aportar bem e os objetivos forem de médio/longo prazo, isso é apenas mais oportunidade para comprar mais e mais.


Minhas posições atuais:

BBAS3 (500)
CMIG4 (500)
ETER3 (1000)
BBPO11 (61)
BRCR11 (53)
EZTC3 (400)
ALLL3 (900)
VIVT3 (200)


Abraços e que o novo semestre seja melhor que esse!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A história do Nerd

Faz tempo que não posto nada no blog, e principalmente faz tempo que não posto nada além de xingar o governo. Vou contar um pouco da minha humilde história hoje.



Minha vida seguiu um padrão típico de um menino nerd: quando eu era mais novo, eu era molecão de tudo, do tipo bobão mesmo, que idealizava a garota perfeita que um dia iria surgir e me tirar da vida de merda que eu tinha. Magrelo, pálido e com cara de idiota. Sempre fui o deslocado da escola, o menino que era invisível pras garotas e o alvo de todo tipo de brincadeira idiota e de humilhação dos malandros da sala. Até algumas garotas já chegaram a me zoar na frente de todo mundo. Tem muito professor que também faz questão de constranger o aluno tímido e alvo de piadas da galera. O ensino fundamental foi horrível pra mim. Estudava com bolsa em uma escola particular cheia de meninas mimadas e moleques classe média metidos a maloqueiros. Da 5 a 8 série foi um tormento de ser sempre rejeitado, humilhado e sozinho. Conforme cresci não mantive nenhuma amizade dessa época.

O ensino médio foi um pouco menos pior. Fiz uma escola técnica estadual e percebi a diferença de como as pessoas são muito mais inteligentes, menos preconceituosas e mais sensatas nesse tipo de colégio. Porém na questão "pegação" continuava uma negação total. Felizmente tinham muitos nerds por lá também e eu fiz muitas amizades boas que continuam até hoje, mas nunca foi o tipo de turma que fazia churrasco de final de semana com direito a cerveja e mulheres safadas.

Já emendei a faculdade e lá as coisas foram bem abaixo da minha expectativa. Caí numa turma bem chata, onde a maior parte das pessoas eram arrogantes, workaholics e competitivas (isso num curso de TI). Mas foi nesse período que eu comecei a dar uma "virada" na vida, depois que um belo dia chegando em casa uma vizinha estava do lado da mãe e basicamente começou a rir descontroladamente da minha cara sem nem disfarçar, dizendo que "eu era muito feio, tadinho". Foi uma humilhação tão grande que causou uma ruptura total no meu estado de vida. Eu olhei no espelho e vi que ela tinha razão. Eu me vitimava de um monte de coisa mas a realidade é que eu era um fracassado coitado mesmo.

Naquele mesmo mês eu aposentei os óculos e coloquei lentes de contato, o que já melhorou demais a minha aparência de mangina fracassado pra um "cara magrelo normal". Daí, o próximo passo foi finalmente começar uma academia. Em questão de 4 meses eu já tinha melhorado muito na aparência, passei a me cuidar melhor e me alimentar decentemente. Finalmente as mulheres começaram a reparar que eu existo. Fiquei com uma garota numa viagem pro interior de forma muito fácil e alguns meses depois comecei a namorar a irmã de uma colega do ensino médio. Nesse mesmo período arranjei meu primeiro estágio e iniciei minha carreira.

Minha família sempre foi muito pobre e cheia de dívidas. Toda minha juventude foi marcada por ver os outros com roupas de marca, tênis legais, videogames novos, instrumentos musicais, enquanto minha diversão em casa era um PC velho com emuladores, onde passei boa parte do meu tempo. Via minha mãe sofrendo para pagar as dívidas no cartão, os empréstimos, tentando tirar o nome sujo do SPC e SERASA. Decidi desde muito cedo que aquilo era o que eu menos queria pra mim. Não havia estudado nada sobre finanças, não entendia nada de mercado, mas percebi que para que eu não caísse na armadilha das dívidas, bastaria eu sempre poupar pelo menos metade do que eu ganhava. Como eu sempre fui uma pessoa acostumada a não ter dinheiro, meus ridículos salários de estágio eram uma fortuna, que eu sempre guardava o máximo possível na poupança. 

Namorei durante alguns anos, fui feliz nos primeiros meses, mas muito mais por "estar namorando" do que pelo namoro em si. O status de namorando pra um cara que viveu sempre na merda, sozinho e inferiorizado é muito estimulante. As pessoas param de te ver como um fracassado. As outras garotas começam a conversar mais com você. É muito legal mesmo. Porém foi como eu disse, eu gostava mais do status mas não do namoro em si, não tínhamos muita coisa em comum, ela queria casar cedo e eu como comecei a namorar tarde não tinha a menor intenção de já me bloquear de poder curtir mais a vida livre e com dinheiro. A menina queria namorar no máximo 3 anos e já casar, sem planejar nada. Vá a merda né! Comecei aí a parar de ser idiota com relação a mulheres e enxergar o quão interesseiras e cruéis elas podem ser. Oferecem uma parcela de afeto e vão moldando o cara para que faça o que elas querem.



Depois que terminei passei um tempo indo mas em baladas e festas com um pessoal do trabalho (que era incrivelmente muito mais divertido do que a faculdade em si). Foi uma das melhores épocas da minha vida. Todo final de semana tinha algum lugar pra ir. Eu conseguia aportar bastante mas também sobrava um bom dinheiro pra gastar com lazer.

Hoje estou namorando de novo, em um relacionamento com suas idas e vindas há alguns anos. Apesar do tempo e da idade, não tenho a pretensão de me casar tão cedo. No começo do namoro conversávamos bastante sobre finanças, aportes, investimentos e etc., mas depois de um tempo ela relaxou e agora gasta quase todo o salário com bobagens e supérfluos. Esse tipo de atitude me deixa bastante inseguro, não quero casar com mulher folgada onde eu tenha que juntar o meu dinheiro pro futuro enquanto ela gasta tudo no presente. Fiquem de olho amigos aportadores, falar de poupar e investir é muito fácil, mas elas sofrem muito mais pressão da sociedade pra comprar coisas idiotas, celulares caros, roupas de marca e etc.

A infância ruim deixou suas sequelas. Falar em público, ser observado por muitas pessoas ao mesmo tempo, conhecer pessoas novas e ambientes novos, tudo isso me traz uma insegurança do cacete. São coisas que ficam e preciso sempre lutar para amenizar esses problemas. Acho que boa parte dos problemas que carregamos são consequências de assuntos não-resolvidos na infância.

Mas por outro lado: a mesma garota que me zuou na rua aquela vez hoje é mãe solteira, acabada e tenta achar um otário pra sustentá-la. Boa parte dos babacas que me humilhavam na escola hoje estão em empregos ridículos, alguns já casaram e sustentam suas esposas obesas. Hoje estou com um currículo legal, ganhando um salário bom e numa empresa onde tenho autonomia e voz ativa. Os idiotas vão trabalhar 14 horas por dia até os 65 anos, enquanto eu sigo meu plano de ter independência financeira até os 35. Ainda tenho muito o que aprender, viver e melhorar, mas fica o conselho: se você hoje se sente um fracassado e rejeitado, entenda sua parcela de culpa em tudo isso, levante e vá melhorar. Ninguém vai fazer isso por você. Pare de idealizar seu futuro e construa o futuro. O capitalismo é o reflexo do mundo: cruel e só os fortes sobrevivem.



Abraços!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O inimigo agora é... quem?

Está acontecendo! Finalmente o povo brasileiro acordou e lembrou da poderosa arma que temos contra os problemas do país: protestos!

Mas afinal, quem é essa pessoa que está protestando? E contra o quê, ou quem, exatamente?



Estamos presenciando essa semana algo que foi esquecido há muito tempo: o poder do povo de se organizar contra uma questão social e tomar as ruas gritando por mudanças. O protesto começou por um motivo pequeno, até bobo, comparado a todos os problemas que temos desde o início do governo Dilma: 20 centavos a mais na tarifa do transporte público, que estava com o preço congelado desde 2011. Engraçado como a percepção que temos sobre a realidade a nossa volta muitas vezes é inocente. Estamos convivendo com um PIB ridículo e inflação alta durante os últimos dois anos. Preços de alimentos disparam, os aumentos de salário chegam e o dinheiro que sobra no final do mês continua igual. Mas é um aumento invisível, pois a corrosão do valor do dinheiro é lenta e indiretamente notada pelo cidadão comum que não entende muito bem sobre notícias da economia.
Mas quando a passagem aumenta o impacto é direto, estampado no guichê de compra dos bilhetes, na frente de cada ônibus, e aí a mudança atinge a grande massa.

O Movimento Passe Livre, que iniciou a onda de protestos em São Paulo, prega o fim da tarifa do transporte público. Porém não dá uma solução de como isso vai funcionar. Esse é o problema do protesto sem objetivo claro: se o protestante não apresenta uma solução para o problema, o protesto perde o sentido e se torna apenas uma revolta popular banal. É o que estava acontecendo até quarta-feira: boa parte das pessoas estava contra os manifestantes, pois a interpretação inicial era de que eram um bando de playboys vagabundos que não tinham nada pra fazer e saíram quebrando tudo sem motivo.


Mas aí entra a imprevisibilidade: o despreparo completo da polícia em lidar com a situação inverteu todo o sentido e mudou o alvo do protesto. A truculência da polícia, os absurdos capturados por inúmeras câmeras da imprensa e celulares deram validade completa ao movimento, que ganhou validade e um sentido muito maior a partir do momento em que as cenas escancaram a realidade de forma direta, sem rodeios, como ocorre com a silenciosa inflação: o poder público não respeita o povo, não tem capacidade de dialogar, não tem preparo nenhum para lidar com problemas. O prefeito ficou na corda bamba e se tornou um comentarista passivo sobre o problema. O governador não se pronuncia. A imprensa, antes defendendo a polícia com artigos bastante ofensivos e banalizadores, agora sentiu na pele o problema e jogou a merda no ventilador. O povo não tem aliados, não tem ninguém pra defender seus interesses, ninguém capaz de ouvir e entender o que está sendo pedido.



Chegamos ao ponto de protesto, mas protesto contra o quê? Não conseguimos apresentar uma solução clara sobre os problemas. Não temos partido de oposição que forneça opções (não considero PSOL e PSTU como partidos influentes e muito menos escolhas positivas para governar o país). Isso não tira a validade do protesto, mas é necessária a união e o direcionamento de todos para que o movimento continue e ganhe a força necessária para mudar.

E finalmente chegamos agora ao primeiro evento esportivo internacional que vamos sediar nós próximos anos, com a sensacional combinação: 

  • ondas de protestos
  • violência contra o povo por parte do poder público
  • violência urbana em alta
  • gastos públicos exorbitantes
  • nenhuma obra de infra-estrutura decorrente dos superfaturadíssimos eventos
  • inflação alta
  • crescimento baixo
  • falta de confiança total na economia
  • dólar disparado
  • Bovespa como uma das piores bolsas do mundo (81º lugar)
  • possível rebaixamento de rating do país
Tá bom ou quer mais? Ah, temos a opinião da presidente sobre quem está pessimista:


É, Dilma. Vai ver que o povo inteiro está errado, e você não.

Leia também: A gota que faltava

domingo, 9 de junho de 2013

[Séries] Breaking Bad

E aí pessoal,


Hoje trago a vocês uma recomendação de série que considero excelente e que também trata (em partes) sobre dinheiro: Breaking Bad.



Essa recomendação NÃO CONTÉM SPOILERS, no máximo indicações de eventos importantes da série.

Na trama, Walter White (Bryan Cranston), um professor de química pobretão fudido com uma vida bastante chata e humilhado constantemente por seus alunos, amigos e patrões, descobre que possui um câncer muito grave e que não tem mais muito tempo de vida. A notícia faz com que ele reflita que chegou aos 50 anos com uma vida arrastada e tomada pelo medo, e ele decide então radicalizar e usar seus conhecimentos químicos para produzir drogas (metanfetamina) com a ajuda de um ex-aluno viciado, para poder deixar uma herança financeira adequada para sua família.

A metanfetamina produz uma margem de lucro absurda e sua pureza determina o quanto um viciado vai se tornar mais dependente da droga e com isso, consumir mais. Como Walter é um exímio químico ele sabe produzir a droga de melhor qualidade e então começa a dar um jeito de fabricar e entra para o submundo das drogas, máfias e cartéis para conseguir realizar a distribuição.

A série conta com uma direção e produção impecáveis, um trabalho de arte excelente que dá foco no drama e nas relações sutis entre os personagens, que são retratados de maneira completa, mostrando o lado bom e o lado ruim de todos. A história se desenrola de maneira bastante natural, algumas vezes devagar, mas sempre com múltiplos ângulos e sutilezas que fazem com que a série se torne bastante agradável de assistir mais de uma vez. É aquele tipo de obra que cada vez que você assiste você acaba notando algo novo e entendendo melhor as conexões de eventos que se desenrolam durante as temporadas. Existem também muitos elementos de humor que tornam os personagens muito carismáticos em meio ao turbilhão de problemas que surgem durante o caminho.

Você jamais vai esquecer desse personagem

O elemento mais interesse da série é a transformação de Walter de um pai de família com uma vida enfadonha e tediosa em um verdadeiro chefão do crime macho alfa bad-ass. É um processo tão natural que quando você se dá conta ele já se transformou de protagonista em antagonista de maneira completamente convincente, sem forçar nada (problema que ocorre em muitas outras séries). Cabe destacar o excelente trabalho dos atores Bryan Cranston e Aaron Paul, que receberam vários Emmys e indicações pelo trabalho.

A série conta com 5 temporadas e eu posso dizer com muita segurança que uma supera a outra continuamente, algo muito raro de acontecer. Os oito episódios finais da 5º temporada estão previstos para serem exibidos a partir de agosto/2013.

Para nós pobres aportadores sofridos, é uma obra que faz refletir bastante sobre as decisões que tomamos na vida e até que ponto uma pessoa pode chegar pra alcançar seus objetivos. Um homem simples, pacato e medroso pode mudar radicalmente ao receber uma sentença de morte iminente? Quantas decisões tomamos de maneira covarde e arrastada durante a nossa vida, por pressão dos outros ou por simples medo do desconhecido? Ao receber uma data para a morte, o que você faria com o tempo que lhe resta?


Como eu sou um cara muito legal segue o link de download da primeira temporada em torrent:
http://thepiratebay.sx/torrent/6714949/Breaking_Bad_s01_Season_1_DVDRip

Como baixar e como achar as legendas você confere no meu post http://nerdinvestidor.blogspot.com.br/2013/05/dicas-para-economizar-series-e-filmes.html

Abraços!